Conheça a história de Anna Melo, empreendedora que vende doces para alérgicos

07/10/2019
16 min de leitura
Equipe Dindim
07/10/2019
16 min de leitura

Com experiência e paixão por vendas, Anna Melo começou a fazer quitutes sem leite, ovo, glúten ou soja depois que a sua filha nasceu com restrição alimentar.

“Vi na carência do mercado algo que eu podia aproveitar”, diz dona de marca de doces para alérgicos

Quando teve uma filha com alergia alimentar, Anna Melo se deparou com um buraco no mercado de alimentos: há poucas opções de doces sem glúten e outros ingredientes como leite, ovo e soja. Ela viu na dificuldade uma ótima oportunidade de negócio onde poderia juntar sua experiência e paixão por vendas.

“É algo muito difícil de lidar porque o mercado não te entende e não te atende. Eu vi nessa carência do mercado uma oportunidade de negócio, uma vez que no meu trabalho era inviável continuar”, afirma Anna.

Anna Melo da A Loloçura, em evento da SumUp

Depois de ser demitida, ela conseguiu o dinheiro para começar a investir na marca A Loloçura, especializada em doces para alérgicos. 

A empresa tomou forma depois que Anna participou de um programa de televisão com um grupo de mães. “Em menos de quinze dias tudo aconteceu. Eu fui de um lugar em que eu não tinha nem o nome da minha empresa para o meu primeiro evento com a primeira venda!”, conta. Apesar de não ter tido um momento para sentar e colocar todos os custos de abrir o negócio no papel, Anna já tinha feito muitas pesquisas de mercado como consumidora, o que ajudou a levantar a empresa. 

“Eu já tinha uma pesquisa de preços e de quais empresas restringem quais alérgenos que me ajudou a ter uma ideia de onde encontrar mais clientes e a saber onde existe uma carência maior do mercado para que eu pudesse trabalhar. E com isso nasceu A Loloçura, num susto, nos quinze dias mais intensos!”. Hoje, Anna está no caminho de estruturar as redes sociais do negócio como um canal de venda capaz de chamar mais clientes.

Conheça mais da história do A Loloçura na entrevista que Anna deu ao Dono do Negócio:

Quais os principais desafios do setor de doces para quem tem restrição alimentar?

No meu negócio eu não pude comprar nada de segunda mão, então eu tive que fazer realmente um investimento bem mais alto do que o normal. Porque os ingredientes não são facilmente encontrados no varejo. Por exemplo, para eu comprar o chocolate para alérgicos, o pedido mínimo é de R$ 300,00. Um chocolate normal você vai ali na lojinha do lado e encontra ele por R$ 18,00 e pode comprar um quilo só. Então eu acabo tendo um estoque que não necessariamente eu precisava. Com isso, devo me controlar financeiramente, porque tenho períodos com gastos muito altos e períodos nos quais eu tenho gastos muito baixos, quando sobrevivo do estoque. Essa oscilação é um desafio que eu preciso me controlar para vencer.

E qual o maior desafio para você como dona de negócio que tem que conhecer o marketing, o financeiro, o estoque, ser mãe e produzir?

Conseguir direcionar essa vida na qual o seu trabalho está dentro de casa. Separar quando você está sendo dona de casa, quando está sendo mãe, quando está sendo empreendedora. Porque se você é tudo ao mesmo tempo, no final você não é nada com excelência. Você respondeu quatro pessoas, mas deixou oito sem responder. Abriu a planilha de custos, preencheu os insumos mas não conseguiu terminar. Você acaba fazendo muitas coisas e parando na metade. Esse gerenciamento de tempo é o que tem sido meu maior desafio, porque eu não posso simplesmente levar minha filha para creche e ter aquelas seis horas que ela ficaria lá para me dedicar ao meu trabalho. Muitas mães acabam fazendo isso para se estruturar melhor e se bancar. 

Como eu falei, tem meses que eu tenho gastos muito altos e, para tirar pelo meu trabalho, pelas horas de trabalho que eu despendi, eu acabo não conseguindo. Então o dinheiro do meu salário como funcionária não vem. E tem mês que eu consigo pagar as contas, mas não dá para captar mais cliente, ou seja, permaneci na mesma. Esse giro, esse fluxo de caixa, acaba sendo um pouco ineficiente por hora, porque eu preciso ter ingredientes para atender os clientes.

E como você enfrenta esse desafio do gerenciamento do tempo? 

De manhã eu tento ser só mãe da Helô, para ela ter atenção, ter carinho. Afinal, era o objetivo desde o começo. Ela é sempre minha prioridade. Então eu tento ser só dela pela manhã. Não pego no celular. Eu sou só da minha filha.

No começo da tarde, eu procuro estudar, porque não adianta também eu ficar só com as receitas que eu já tenho e não trazer novidades. É o período que eu consigo fazer ela dormir, assistir videoaulas, ler algumas coisas. 

À noite, quando o pai dela chega, eu deixo ela com ele e vou cuidar do negócio. Só que ao mesmo tempo que eu tenho um curto período, eu tenho um bolo que demora cinco horas para ficar pronto e que precisa que eu fique mexendo a panela. Então, entre ficar essas cinco horas atendendo um cliente ou ficar preenchendo algo mais burocrático, eu acabo atendendo o cliente. Mas, no final, eu não sei se quando eu atendi o cliente eu fui realmente eficiente e se tive um retorno financeiro, porque eu faltei no lado da gestão. Essa parte de gerenciamento de tempo é surreal de difícil!

E vale a pena empreender dessa forma?

Sempre. Por eu poder acompanhar minha filha ao médico, ver minha filha começar a falar, ver minha filha andar. São coisas que outra pessoa não poderia me dar e outra pessoa não me substituiria. Ela, como eu falei, sempre vai ser o objetivo principal mesmo se eu tiver que virar a noite, queimar coisa. Pagando as contas e estando com ela sempre vale a pena. Na vida a gente tem que abrir mão de certas coisas para ter outras, então eu abri mão da estabilidade para ter o momento mãe com a minha filha.

Infelizmente, no nosso momento atual, ainda não é possível ter os dois. O que eu vejo muito são as mães falando que elas não tiveram opção entre empreender ou voltar a trabalhar para outra pessoa. A única opção que a gente tem é empreender. Porque a minha filha, quando eu voltei a trabalhar, ela ficava com outra pessoa, mas ela ficava doente, chorava e sofria todos os dias. Então, para mim não é algo opcional.

Como você usa a internet para vender mais? 

Muitas vezes, quando eu faço um post, as pessoas me pedem a receita. Elas querem saber como eu fiz. Mas se um cliente real que consumiu e não tem ligação nenhuma comigo posta que comprou aquele produto e gostou, eu tenho retorno de mais uns quatro ou cinco clientes. 
O boca a boca está sendo essencial para você?

Via redes sociais. Não é um boca a boca direito porque não é indicação, mas pela internet. Alguém que comeu e postou, daí eu reposto e as pessoas chegam até mim por causa dessa repostagem do conteúdo de pessoas reais. Acaba sendo um pouco dos dois, né? Um boca a boca digital. E isso é muito importante dentro de um mercado que envolve segurança e saúde. Os outros clientes sabem que alguém que é supersensível já consumiu e não teve reação alérgica. E eu entendo esse receio das mães, porque como mãe eu também tenho.

Além de postarem que consumiram os produtos e não tiveram reação, as pessoas, que não necessariamente têm filhos alérgicos, também postam: “Nossa, é muito gostoso”. Elas podem consumir vários tipos de produtos e ainda assim consomem o meu e acham bom. Isso mostra que eu consegui juntar o sabor com a restrição de alérgicos, e, com isso, ter mais vendas. Teve um domingo que simplesmente uma cliente minha que já tinha comprado há vários dias postou que estava comendo e gostou. Eu fui e repostei esse stories dela e vieram quatro pessoas pedindo doces a pronta entrega naquele dia.

E quais são os desafios para atingir esse público?

Eu preciso consolidar mais essa parte do Instagram para ter um portfolio maior ali dentro e fazer as pessoas entenderem que ali é meu meio de venda, que o que eu estou divulgando ali é um anúncio e não simplesmente o post de um brigadeiro que eu fiz para comer a tarde.

Também não é possível mensurar quando os clientes vão postar. Eu peço para eles postarem quando comerem e fazerem comentários sobre o produto. Mas é aquela coisa, um em cada dez realmente faz. E quando eles fazem, pode ser numa quarta-feira que eu não vá conseguir produzir. Pode ser no dia do médico da minha filha que eu não vou conseguir desmarcar. Então, esse canal de vendas que eu ainda preciso estruturar melhor.

O empreendedorismo é uma saída para mães, para quem perdeu o emprego na crise, para quem precisa complementar a renda para sustentar a família. Que dicas você daria para quem ainda não viu no empreendedorismo uma solução ou para aqueles que estão pensando em abrir um negócio? 

O principal é saber que não é a solução imediata, mas uma solução a longo prazo para uma tranquilidade maior. É preciso saber que o que está fazendo é bom, e ter conhecimento do seu mercado e do seu produto. Afinal, são vendas. Quando você tem propriedade do que fala e do produto, acaba vendendo melhor. Então, conheça o que está fazendo, se aprofunde. 

Às vezes a gente está lá com a corda no pescoço e olha para todos os lados e tem infinitas possibilidades onde todo mundo fala que ganhou dinheiro. Você realmente vê o fulano que cobra não sei quanto no bolo, o ciclano que vende tênis, aquele que vende perfume, mas você não vê o quanto de custo tem que avaliar, se você gosta, se você sente prazer naquilo que você faz, se ele tem uma característica sua, se ele te traz um conforto, se ele te traz um reconhecimento e a sua identidade. O negócio tem que ser você porque você é o seu negócio.

Você diria para a pessoa encontrar algo que dê paixão, que possa ser rentável e o que ela deve estudar para fazer isso?

Sim. Traçar um objetivo, porque quando você olha para a moça que faz um bolo e cobra “X”, você via querer chegar naquele nível de qualidade para cobrar o mesmo “X”. Então você deve traçar uma meta, mas uma meta dentro de algo que você goste e sinta prazer em alcançar aquele objetivo. Trabalhar somente para ter dinheiro, da forma como o empreendedorismo é difícil, você pode acabar desistindo. Mesmo gostando ainda é difícil continuar, são muitos obstáculos. 

O que te faz continuar?

O que me faz continuar é a minha vontade de ajudar a quantidade de pessoas que me ajudaram. Eu sei que eu confio no meu produto e que o que eu faço é muito bom. Eu conheço a qualidade do que faço. Não aprendi à toa, minha filha não veio com todas essas restrições à toda. Isso me trouxe para esse lugar. Então, hoje, faz parte de mim, faz parte da minha história. 

E o que é preciso pensar para encarar os dias difíceis?

Na conta que chega (risos). Não dá para simplesmente bater na porta de alguém falar: “eu preciso trabalhar, me emprega aqui por favor”. Nesse tempo, o seu aluguel chegou. Então, ou você continua ou você continua. Uma vez que entrou, tem que fechar os olhos para o lado, saber que vai levar paulada, que vai ter dia que você não vai querer fazer nada. Empreender é difícil. É 24 horas por dia, sete dias por semana, 31 dias no mês. Mesmo quando o dia tem trinta dias, você trabalha 31. E se o mês tiver 28, você trabalha 33, porque o mês é mais curto e tem que fazer mais dinheiro.

Então, saiba que você irá trabalhar, trabalhar, trabalhar. Mas quando parar e olhar para o que fez, sentirá orgulho, porque sabe que foi você quem fez, que ali tem um pedacinho seu, que a sua identidade está ali. 

Você começou com aquela embalagem porque era mais barata, porque o seu custo ia ser um pouquinho menor e era o que você tinha dentro para investir. Só que depois, quando conseguir comprar uma embalagem melhor, vai olhar para trás e falar: “Nossa, olha como o meu produto já melhorou, olha o quanto eu já melhorei”. Você vai olhar para trás e sentir orgulho de pequenas coisas que te darão mais vontade de dar os próximos passos.

Como você conheceu a SumUp?

Bolos de pote A Loloçura e maquininha SumUp On

Eu tenho um amigo que estudou comigo no ensino médio, bastante tempo atrás, que trabalhava aqui, e eu via as postagens dele sobre as melhores taxas. E eu fiz algumas pesquisas para minha mãe, que também é empreendedora.

Sempre tive para mim que pagar uma taxa baixa para ter a segurança de aceitar o cartão e conseguir ter um meio de pagamento melhor valia muito mais a pena do que não ter. As pessoas podem pensar: ‘ah, nossa, mas me tiram R$ 0,30!”. Mas quantos clientes a maquininha traz? Com os clientes a mais que você tem por conseguir aceitar quem quer pagar no cartão já é possível pagar uma maquininha de R$ 60,00, por exemplo. 

Além disso, tem o tempo que você perde para ir depositar na sua conta o que recebeu em dinheiro. Quanto isso vale? Tempo é dinheiro! O trabalho que você tem, o risco que você corre, para mim, é algo que entra na conta. O quanto isso não é importante também?

Para você, hoje, além dos preços, quais as melhores vantagens da SumUp?

O dinheiro estar na minha conta no dia seguinte. Eu não fico com dinheiro retido naquela plataforma onde eu vou pagar para tirar meu dinheiro de lá – não consigo entender essa lógica, porque o dinheiro é meu, então deve vir para mim. Eu não pago para tirar meu dinheiro.

Com o dinheiro na minha conta no dia seguinte eu já consigo refazer o investimento que eu já fiz. Por exemplo: gastei um litro de chantilly, que estava no meu estoque, e depois precisei de três litros, mas só me sobraram dois. Já terei o dinheiro da venda de ontem para conseguir repor o ingrediente e atender o próximo pedido. Essa agilidade, para quem tem um comércio pequeno que sobrevive aos pouquinhos, é o segredo para você conseguir atender o próximo cliente.

E fora que, apesar de eu não precisar, a SumUp tem um histórico sensacional de atendimento pós-venda, com um suporte sensacional. Não adianta na hora de comprar ser tudo lindo e no final você estar lá “dando cabeçada” e o seu negócio parado. Então, também escolhi pela segurança de algo que você sabe que pode contar, que vai estar lá quando você precisar, que vai funcionar onde as outras não funcionam, que vai te dar uma ferramenta a mais para você trabalhar.

Tiveram algumas vezes em que a minha máquina de cartão funcionava e a da outra pessoa que estava vendendo comigo não. Ela, então, passava na minha maquininha e eu recebia no dia seguinte para repassar o valor, que chegava primeiro do que o dinheiro das vendas feitas na maquininha dela. No final, ela pagava mais e eu ainda tinha que salvar. É algo que uma simples pesquisa hoje em dia já pode resolver.

E quais são os próximos passos para A Loloçura?

Eu recebi um convite para dar uma aula dos meus produtos numa feira mundial por conta de um produto que eu uso. Não é algo que eu planejei ou tinha como meta, mas é uma oportunidade que apareceu. Hoje eu posso te falar que eu vou vender muito, mas talvez, depois de dar essa aula, eu me apaixone por ministrar aulas e vá testar receitas para dar cursos, usar plataformas online. Então, apesar de ter metas, eu não tenho um direcionamento fechado. Eu aproveito as oportunidades quando elas aparecem. 

Eu tive a oportunidade de dar aula. Sei dar aula? Não sei. Mas sou vendedora, me comunico a vida inteira, conheço o meu produto. Ministrar aula não é passar o seu conhecimento? Conhecimento eu já tenho, eu só preciso achar um jeito de passar. A gente estuda e vai que vai!

Se eu tiver uma oportunidade agora de ter um estande na esquina da Avenida Paulista, eu estou dentro. Estarei lá nem que eu vá com quatro brigadeiros, mas estarei lá o dia inteiro falando do meu produto, mostrando alguma coisa, sendo uma presença ali. Eu posso ser só uma pessoa, mas eu sou a Loloçura hoje, então eu estarei lá. 

Então, não posso falar que eu tenho uma meta, que eu já tracei um objetivo de ter que estar de tal forma daqui tanto tempo. Mas tenho um objetivo de que em dois meses eu preciso conseguir me bancar o quanto eu me bancava quando eu trabalhava CLT.

São dois meses para alavancar, seja via redes sociais, vendendo no quiosquinho ou ministrando aula. Não perdendo o foco que é vender produto sem alérgenos, não perdendo minha essência, mas buscando meios de crescer. Estando dentro do meu tipo produto, onde tiver oportunidade de vender eu estarei lá!

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